“Tu, que és pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho; tu, que te assentas entre os querubins, resplandece. Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder, e vem salvar-nos. Faze-nos voltar, ó Deus, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos. Ó Senhor Deus dos Exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo? Tu os sustentas com pão de lágrimas, e lhes dás a beber lágrimas com abundância. Tu nos pões em contendas com os nossos vizinhos, e os nossos inimigos zombam de nós entre si. Faze-nos voltar, ó Deus dos Exércitos, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos. Trouxeste uma vinha do Egito; lançaste fora os gentios, e a plantaste. Preparaste-lhe lugar, e fizeste com que ela deitasse raízes, e encheu a terra. Os montes foram cobertos da sua sombra, e os seus ramos se fizeram como os formosos cedros. Ela estendeu a sua ramagem até ao mar, e os seus ramos até ao rio. Por que quebraste então os seus valados, de modo que todos os que passam por ela a vindimam? O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram. Oh! Deus dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos, atende dos céus, e vê, e visita esta vide; E a videira que a tua destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti. Está queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face. Seja a tua mão sobre o homem da tua destra, sobre o filho do homem, que fortificaste para ti. Assim nós não te viraremos as costas; guarda-nos em vida, e invocaremos o teu nome. Faze-nos voltar, Senhor Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.” (Salmos 80:1-19)
Vivenciar situações de calamidade traz angústia à alma. Nestes momentos, a coisa mais importante a se fazer é recorrer ao Senhor em oração como fez o salmista no Salmo 80.
O Salmista traz uma questão interessante, onde indaga ao Senhor a razão de ter derrubado a cerca que rodeava, ou seja, a proteção dos israelitas e permitiu que outras nações o invadissem e destruíssem. Deus trouxe uma videira do Egito, expulsou as nações da terra de Canaã e plantou sua videira. Nos versos 9 a 11, ele fala da expansão e prosperidade da nação: a videira cresceu e encheu a terra, do mar até ao rio. Mas, Deus removeu as cercas de proteção e deixou a videira exposta. Tanto homens quanto animais ganharam acesso e estragaram a videira.
A essa questão exposta pelo salmista, está relacionado ao quadro de mudança no tratamento do povo liberto em relação ao Senhor, que é: “Por que Deus faria uma coisa dessas – abandonar Israel e entregá-lo ao inimigo – com seu povo que tirou do Egito e que estabeleceu em Canaã com todo cuidado?”. A resposta é conhecida do salmista. Na verdade, ele nem sequer pergunta a Deus “por quê”, mas “até quando”, mostrando saber que Israel estava sendo punido pelos pecados que cometeu e pela rebeldia que manteve diante do Senhor.
O Salmo 80 vislumbra a anunciada punição do Senhor ao povo pecador, injusto e obstinado. O Senhor realmente fez aquilo que disse que faria. O salmista entende a lição e recorre a Deus, reconhecendo o pecado de Israel, e se propõe, ensinando o povo a fazer o mesmo, a retornar ao estado original de fidelidade para com o Senhor. Observe que o salmista inicia clamando a Deus e exaltando seus grandes feitos. Ele sabe que somente Deus pode livrá-los, por isso, que recorre ao Senhor. ele pergunta para Deus até quando Ele estará indignado com eles. Assim, ele desabafa, fala com Deus, confessa seus pecados, promete uma vida renovada. Veja que o salmista não faz outra coisa senão clamar e clamar ainda mais um pouco.
A restauração do relacionamento envolve movimento dos dois lados: o povo precisava ser restaurado e voltar para Deus, e o Senhor teria de virar na direção do povo. Deus, sempre fiel, deseja a comunhão com seu povo, mas suas criaturas nem sempre querem andar com ele. Conforme o Senhor trata com nosso coração e nos submete a disciplina, naturalmente melhoraremos nossa postura diante dEle. Se você deseja fazer a diferença como cristão, deve aceitar humildemente as mesmas correções.
Disciplinar é impor limites e mostrar o melhor caminho. Infelizmente, ninguém gosta de ser disciplinado ou repreendido, porém é extremamente necessário. Simplesmente porque todos nós cometemos erros e temos comportamentos inadequados, vez por outra. A pessoa que aceita e reflete quando repreendido, certamente colherá bons frutos deste comportamento. Entretanto, aquele que não aceita e não endireita os seus caminhos, com certeza pagará um preço alto pela sua insensatez. “Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como a filhos: "Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho". Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos. Pois, qual o filho que não é disciplinado por seu pai?” (Hebreus 12:5-7).
Não adianta tentar racionalizar a situação encontrando justificativas para o pecado, nem mudar de igreja procurando algum lugar em que a iniquidade seja aceita, nem tampouco lançar mão de técnicas “mágicas” para tentar comandar a situação e obrigar Deus a agir beneficamente. Só há uma solução: o arrependimento de pecados, o retorno à santidade e a renovação da submissão ao Senhor. Afinal, como diz o próprio Isaías: “Vejam! O braço do Senhor não está tão curto que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá.” (Isaías 59:1-2).
Somos afligidos por causa de nossos pecados e nosso endurecimento de coração diante das tantas maravilhas que nos faz Deus a todo instante. Se o salmista encontra forças para fazer a sua oração e ainda consegue analisar a situação é por que a graça de Deus está sobre ele, sem medida. Embora Deus tenha o controle sobre tudo, ele não é o responsável por estarmos sofrendo. Deus também é justo! Não poderia o Criador condenar um filho que insiste em fazer o que é errado? Mas por amor, Ele substitui a condenação pela correção, a fim de nos amadurecer!
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